sexta-feira, 19 de junho de 2009

Candidato do PS critica gestão da CMO

O candidato socialista à Câmara de Oeiras visitou na terça-feira duas empresas municipais. Marcos Perestrello mostrou desagrado pelo “número excessivo de empresas municipais existentes”, e pede uma “reorganização profunda e séria”.
O CORREIO de OEIRAS acompanhou Marcos Perestrello na visita a duas empresas municipais – Oeiras Viva e LEMO – em mais uma sessão da campanha socialista.
Manuel Constantino, administrador da Oeiras Viva, explicou ao candidato a dinâmica da empresa, os obstáculos que a administração teve que ultrapassar, e o modus-operandis da empresa.
“Não tem sido uma vida fácil, herdámos uma situação muito difícil, com variados défices de exploração”, afirma Manuel Constantino, sublinhando, no entanto, que “conseguimos inverter o panorama, com sucessivas gestões que tiveram saldo positivo”.
A empresa que gere os espaços desportivos e culturais conta com 70 funcionários, e o administrador reconhece que “foi encontrado o ponto de equilíbrio entre a responsabilidade social e a situação financeira”, afirmando, apesar do saldo positivo, que “acabamos o mandato sem termos conseguido acabar com todos os problemas”.
Um dos pontos que não agradou a Marcos Perestrello foi o facto de a autarquia ter terminado com o programa que permitia que as crianças das escolas básicas de 1º ciclo utilizassem as piscinas municipais. Manuel Constantino explicou que “a decisão foi tomada pela Câmara, e a explicação dada foi que, com as actividades extra-curriculares das escolas, e com as disciplinas optativas que se realizam da parte da tarde, as crianças não tinham horário para frequentar os equipamentos”, situação que “só prejudicou a empresa”. No entanto, Marcos Perestrello sublinha que a questão aqui são mesmo os mais novos: “o problema são as crianças, que deixaram de poder contar com esse programa”.
As ideias de Marcos Perestrello
Ao falar com o CORREIO de OEIRAS, o candidato socialista explicou que estas visitas servem para “conhecer a organização da câmara municipal, é absolutamente essencial que isso aconteça”, e voltou a criticar a autarquia na medida que “se deixou ficar para trás em termos organizativos, dispersou-se em vários aspectos que, do meu ponto de vista merecem correcção”.
Marcos Perestrello apontou como exemplo o sector empresarial municipal, afirmando que “precisa de uma reestruturação profunda e séria. Encontramos mais de uma dúzia de empresas em que a Câmara tem participação, o que me parece claramente demais”.
O candidato socialista afirmou não conseguir compreender “como é que a autarquia constrói equipamentos desportivos, com o dinheiro das pessoas que aqui vivem e que pagam impostos e depois a sua disponibilização à população é feita de uma forma que não obedece exactamente à função social que a Câmara tem que exercer”, voltando a mencionar o abandono do programa de natação para as crianças das escolas básicas: “é incompreensível que a Câmara tenha acabado com essa iniciativa, é, do meu ponto de vista, repor esse programa, e permitir que os equipamentos municipais sejam utilizados pelas crianças que frequentam as escolhas públicas do concelho de Oeiras”, e reconhece que “é muito importante que as pessoas sintam que os equipamentos sociais, que são construídos com seu dinheiro, estejam ao seu serviço”.
A questão do SATU
“Ao olharmos para o SATU, temos que perceber o que vai ser feito com aquela infra-estrutura”, defende Marcos Perestrello, acrescentando que “a sua construção revelou-se um logro. Foram assumidos, pelo accionista privado, um conjunto de compromissos que não estão a ser cumpridos, e é preciso fazer uma reflexão sobre a solução para o SATU, que não passe por aquilo que foi anunciado pela Câmara Municipal, da aquisição, por parte da autarquia, dos encargos do accionista privado, transferindo para o município os custos que são do privado, numa infra-estrutura que é hoje completamente inútil”.
A solução passa também, na opinião do candidato do PS, “de um estudo de mobilidade sério”, e a extensão do transporte até aos centros empresariais do concelho e até concelhos vizinhos é o caminho a seguir, bem como “a sua transformação num meio de transporte de circulação interno em Oeiras”, mas tudo isto “tem que merecer uma análise séria, e então fazer os investimentos necessários”.
O que diz a população
Em campanha pelo concelho, para conhecer a sua realidade mas também para se dar a conhecer, Marcos Perestrello adianta que “as pessoas têm recebido a minha candidatura com simpatia”, e que “tenho recebido algumas queixas e alguns lamentos” por parte da população. No entanto, o candidato reconhece que “a minha convicção é que as pessoas gostam de viver neste concelho, é um bom sítio para se viver. Tem aspectos muito positivos, ao nível dos arranjos do espaço público, e pela forma como o concelho se desenvolveu”.
Ainda assim, Marcos Perestrello sente que “as pessoas percebem que, tendo o actual presidente da Câmara sido eleito há 25 anos, muita coisa mudou, e este último mandato não foi igual aos anteriores. Quando voltou do governo não voltou o mesmo, saiu pelas razões que conhecemos, que não foram as melhores, e decidiu voltar a Oeiras. Noto algum desapontamento, da parte das pessoas, pela forma como este mandato decorreu”.
Na sua opinião, “o que aconteceu foi que muita coisa do que tinha sido prometido ficou por cumprir. Ao visitar as escolas do concelho, “constatei que muitas das escolas do 1º ciclo estão em pior estado de conservação, do que as escolas dos 2º e 3º ciclos, que são da responsabilidade do Ministério da Educação. Isto é uma situação inédita, e aconteceu porque a CMO se deixou atrasar e distrair nesta questão essencial, que é a educação”.
Sobre o pré-escolar, o socialista afirma que é “incompreensível que faltem cerca de mil vagas no concelho de Oeiras, e é preciso reflectir sobre a situação e assumir compromissos, e uma das prioridades da minha candidatura passa pela educação e por requalificar as escolas e assumir responsabilidades que o presidente da Câmara não quis assumir na gestão das escolas dos 2º e 3º ciclos, para melhorar a qualidade do ensino público em Oeiras. Ao mesmo tempo reforçar a rede pré-escolar, onde há falhas que é preciso compensar”.